Celular à prova de grávidas
Plunct plact (zum)
Seriam os fogos de ano novo? Não. Era meu celular rolando dentro da máquina de lavar em pleno primeiro de janeiro.
Em pensar que enquanto tirava os lençóis da cama, afastei atenta o celular do marido debaixo do travesseiro e sussurrei à mim mesma “opa, meu celular também está debaixo do travesseiro, não posso esquecer de tirar.”
Esqueci. E plunct plact, 50 minutos depois me dei conta do barulho estranho que saía da máquina.
Dizem que é um sintoma da gravidez ficar avoada e esquecida. E confesso que teve mesmo dias que eu fazia uma pergunta e cinco minutos depois a repetia por não lembrar a resposta; ou pior! Esquecia onde colocava as coisas, logo eu que encontro até óculos do marido por pura intuição, quando ele não sabe onde larga.
Agora tava ali, com cara de tacho, rindo da tamanha estupidez em frente a máquina de lavar enquanto apertava em vão o botão de pause que nunca funcionou, mera função estética.
Desconfio que dessa vez não foi a gravidez mas só o universo me poupando um celular estragado em outra data importante, como no dia do meu casamento que o antigo aparelho resolveu morrer e só pude compartilhar a notícia 3 dias depois com a família do outro lado do oceano que àquela altura do campeonato já achava que era rebeldia mesmo não querer contar que tá casada, quando na verdade era só a consequência dessa mania de querer usufruir das coisas por anos até elas mesmas decidirem me deixarem na mão.
O celular afogado já tinha passado da hora mesmo. Botão estragado, bateria consumida, memória entupida, versão de 2015 comprado em 2017 . Agora chegou um novinho com câmera boa e tudo, e tô até com medo de pegar na mão porque, como se sabe, a gravidez também derruba tudinho no chão e até eu achar fôlego pra resgatar já lançaram um modelo novo.
Devia era ter investido num Nokia lanterninha, à prova de balas e de grávidas.